quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Liderança segundo Deus


As igrejas terão que avaliar quais são as lacunas que são totalmente inaceitáveis e quais são toleráveis.
Uma característica da natureza humana é uma ambição inata. Quem não quer ser alguém? Quem não quer subir no palco e ouvir as palmas bater? Superados os problemas de segurança e alimentação, diz o psicólogo Abraão Maslow, o homem quer sentir que valeu a pena viver. Ele quer fazer diferença, deixar um legado positivo. Apenas existir durante algumas décadas na terra não cria no íntimo aquele sentimento agradável que ele contribuiu algo de valor ao mundo. Se a origem deste incômodo vem de Deus, podemos entender porque Paulo escreveu 1 Timóteo 3:1: Digna de crédito é esta verdade. Se alguém almeja ser bispo (epíscopos, isto é, um supervisor responsável para uma comunidade), deseja uma excelente (kalos, bela, agradável) obra ou função. Poderíamos dizer: "Quem tem a ambição de ser líder de uma igreja cristã, quer algo que satisfará um profundo desejo em seu coração". Examinemos as condições básicas que Paulo alistou para seu discípulo querido, e o ideal para todo aquele que se sente chamado por Deus para conduzir uma igreja local.
Qualificações do líder:
1) O candidato deve querer esta posição. Ainda que seja praxe em concílios, convocados para pedir do pretendente ao ministério pastoral uma confirmação que ele tenha um chamado para tal, Paulo emprega a palavra "quer". Pedro concorda: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade" (1 Pe 5:2). Sugere que, se falta este desejo, o candidato não deve ser considerado vocacionado por Deus.
2) Deve ser irrepreensível, isto é, sem falhas morais ou éticas que poderiam diminuir sua aceitação da parte de Deus e da igreja como líder.
3) Não pode ser casado com mais do que uma mulher.
4) Deve ser uma pessoa equilibrada sem tendências extremistas.
5) Deve ter domínio sobre suas emoções e apetites. É também o último item na lista do fruto do Espírito (Gl 5.23).
6) Deve ser digno de respeito da parte daqueles que conhecem bem o seu caráter, isto é, ter qualidades de integridade, honestidade e confiabilidade, sem ações e atitudes que desmentem suas palavras. Pratica o que prega.
7) Gosta das pessoas; gosta de hospedar irmãos que necessitam cuidados básicos – casa e comida.
8) Ele tem facilidade em expor o sentido real e prático da Palavra de Deus. Sendo expositor sério da Bíblia, não omite a responsabilidade de explicar e aplicar o texto às vidas dos ouvintes. Mostra no próprio texto como então Deus quer que Seus filhos vivam no contexto da pós-modernidade.
9) Ele evita qualquer comida, bebida ou droga que possa viciá-lo. Sabe do perigo de se escravizar a um prazer que não seja pecado em si.
10) Ele é manso, portanto não reage à provocações com violência, mas está pronto para perdoar. Longe de querer se vingar, ele cumpre o papel de pacificador e reconciliador. Confrontar pecadores não provoca temores exagerados neste servo do Senhor.
11) Não tem uma personalidade briguenta, mas amável. Tem ouvido para os problemas dos membros da igreja e simpatiza com as pessoas nas intermináveis lutas delas.
12) Não tem nem uma só gota de sangue avarenta cursando pelas suas veias. Seu espírito generoso tem somente os limites dos seus recursos.
13) Vive numa casa ordeira, organizada, que reflete sua disciplina pessoal. Seus filhos são respeitosos e obedientes. Eles amam o Senhor e se sentem privilegiados acima dos colegas da escola que não têm pais tão comprometidos com Deus como eles têm.
14) Não é tão novo na fé que os membros na igreja o reputem imaturo. Feliz no serviço de Deus, sua sabedoria excede em muito os seus anos.
Muitas igrejas são lideradas por pastores que carecem de algumas ou mesmo muitas das qualificações que Paulo estipula. Provavelmente, a Timóteo faltava um ou outro destes valores, mas isto não o desqualificou. Ele tinha o aval de Deus segundo 1 Timóteo 4.14! As igrejas terão que avaliar quais são as lacunas que são totalmente inaceitáveis e quais são toleráveis.
Dr. Russell Shedd é Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo (Escócia), pastor, professor, escritor e conferencista.
Abs, Sandrão

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ESTILO DE VIDA


As Igrejas Deveriam Ver o Discipulado Primariamente como um “Programa” ou como um “Estilo de Vida”?

A igreja não deveria ver o discipulado primariamente como um evento especial ou um programa espalhafatoso. Discipulado não é algo ocasional ou fora do normal, algo que pode ser isolado do resto de nossa vida cristã. Ser um cristão é ser um discípulo de Cristo. E ser um discípulo de Cristo significa
  • (i) procurar ajuda de outros para ser como Cristo (ser um discípulo);
  • (ii) procurar ajudar outros a serem como Cristo (discipular).
Portanto, as igrejas deveriam ver o discipulado como um estilo de vida. O discipulado deveria constituir uma parte normal de ser um cristão e um membro de igreja. É o que um seguidor de Cristo faz.
Isso significa que igrejas podem ou não usar programas para promover o discipulado. Mas elas definitivamente desejam promover uma cultura de discipulado. Deveria ser normal que cristãos mais novos discutissem assuntos espirituais durante refeições com cristãos mais velhos. Deveria ser normal que cristãos mais novos passassem tempo nas casas de cristãos mais velhos para ver como eles aplicam sua fé a cada área da vida, até como eles colocam as suas crianças para dormir. Pela graça de Deus, uma igreja que fomenta uma cultura de discipulado será cheia de membros que parecem mais e mais com o Senhor Jesus (1Co 11.1).

Como Eu Posso, Como Líder de Igreja, Ajudar a Cultivar uma Cultura de Discipulado?

  • Estruture a sua própria agenda semanal para incluir tempo com cristãos mais jovens (cafés da manhã, almoços, visitas rápidas, conversas regulares sobre o sermão, etc.).
  • Se você lidera uma congregação instruída, peça a igreja uma verba pastoral para dar livros de presente. Tenha uma pilha de livros em seu gabinete, prontos para presentes espontâneos. Encoraje as pessoas a lê-los e então agende um horário para discutir o livro.
  • Busque maneiras de encorajar os cristãos maduros de sua congregação a se encontrarem com outros (“Ei, Joe, com quem você vai almoçar hoje?”). E busque maneiras de entrosar os membros da igreja uns com os outros (“Ei, Joe, você já pensou em passar algum tempo com o John?”).
  • Aplique a sua pregação não apenas a indivíduos, mas à igreja como um todo (p.ex. “O que essa passagem significa para nós como igreja? Ela significa que nós deveríamos estar prontos a encorajar e corrigir uns aos outros.”). Busque maneiras de encorajar o discipulado e o cuidado mútuo por meio das aplicações de seu sermão.
  • Pregue e aplique o evangelho. A correta pregação do evangelho deveria produzir cristãos que reconhecem a sua obrigação mútua de aconselhar e discipular uns aos outros baseado na identidade familiar compartilhada em Cristo. Tanto quanto possível, ajude a congregação a ligar os pontos entre a sua profissão de fé e o chamado para amar ativamente uns aos outros.
  • Ofereça classes de formação de adultos sobre discipulado e aconselhamento.
  • Ofereça classes de Escola Dominical sobre assuntos mais específicos, como “O temor do homem” ou “A vontade e a direção de Deus”.
  • Use as classes de novos membros da igreja para estabelecer uma expectativa de envolvimento regular na vida uns dos outros.
  • Use a entrevista com novos membros para perguntar ao candidato se ele ou ela deseja estar envolvido em um relacionamento de discipulado um-a-um.
  • Abasteça a loja de livros e a biblioteca de sua igreja com bons recursos sobre discipulado.
  • Considere ter um expositor de livretos da CCEF [N.T.: sigla em inglês da Fundação para o Aconselhamento e a Educação Cristãos, instituição fundada por Jay Adams] na sua igreja, para colocar à disposição esses brevíssimos e acessíveis recursos sobre um vasto número de assuntos específicos. Se possível, ofereça esses livretos de graça.
  • Promova e distribua esses mesmos livros do púlpito.
  • Como pastor, seja um modelo de humildade e de como receber correções! 
  • Considere prover os pequenos grupos da igreja com recursos recomendados de acordo com o tipo de pequeno grupo, tais como grupos de jovens casais ou grupos de solteiros. 
  • Se os recursos permitirem, contrate um pastor em tempo integral para devotar-se ao aconselhamento. 
  • Se os recursos permitirem, contrate uma mulher para devotar-se ao aconselhamento e a promover discipulado entre as mulheres na congregação. 
  • Encoraje os membros da igreja a participarem das conferências da CCEF e a fazerem uso de seus cursos de treinamento online. 
  • Ofereça uma classe de treinamento em aconselhamento para os membros e/ou os líderes de pequenos grupos da sua igreja. A CCEF oferece dois currículos excelentes – How People Change [Como as Pessoas Mudam] e Helping Others Change [Ajudando os Outros a Mudarem]. Esse material acessível aos líderes e leitores facilita aos pastores, líderes leigos e membros ensinarem uns aos outros sobre como aconselhar a Palavra e como cuidar melhor uns dos outros. (www.ccef.org)
  • Leia o livro de Paul David Tripp, Instruments in the Redeemer’s Hands  [Instrumentos nas Mãos do Redentor].
  • Encoraje os indivíduos que você está discipulando para o ministério pastoral em tempo integral a lerem o livro When People Are Big and God Is Small, de Ed Welch [Quando as Pessoas São Grandes e Deus é Pequenopublicado no Brasil pela Editora Batista Regular].
  • Ore. Peça a Deus para levantar presbíteros, mulheres piedosas e discipuladores maduros na sua congregação, para ajudarem no cuidado do rebanho.